quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Câmara dos EUA vota pelo fim da proibição de gays nas Forças Armadas

A Câmara dos Representantes dos EUA --liderada pelos governistas democratas-- votaram nesta quarta-feira pela derrubada da lei que proíbe gays assumidos nas Forças Armadas. 

A política conhecida como "Don't Ask, Don't Tell" ["Não pergunte, não conte", em tradução livre], em vigor há 17 anos, determina que as Forças Armadas não devem perguntar aos militares sobre sua orientação sexual, e os militares não devem divulgá-la. 

Por 250 votos a 175, a Câmara aprovou o projeto de lei apoiado pelo presidente Barack Obama, que agora segue para o Senado, onde os prospectos de aprovação são incertos. 

A votação aconteceu apenas uma semana após uma manobra dos republicanos do Senado, que barrou uma medida semelhante para pôr fim à proibição, que estava incluída em uma lei mais ampla de financiamento para Defesa. 

Os democratas no Senado agora dizem ter os 60 votos necessários na Câmara de cem membros para pôr fim ao impasse e aprovar a medida antes que os parlamentares finalizem os trabalhos deste ano. 

"Estamos muito confiantes de que temos no mínimo 60 votos", disse um assessor do Senado. 

"Veremos", disse um assessor republicano. "Eles disseram que achavam ter os 60 da última vez." 

Os democratas pressionam para aprovar o projeto de lei ainda este ano, temendo ter mais dificuldades no ano que vem, porque a maioria democrata no Senado será menor em função dos avanços obtidos pelos republicanos nas eleições parlamentares do início de novembro. Os democratas perderam várias cadeiras no Senado para os republicanos nas eleições de 2 de novembro, além de cederem também a maioria na Câmara dos Representantes. 

PESQUISA
 
Recentemente, um estudo desenvolvido pelo Pentágono revelou que derrubar a lei que proíbe homossexuais assumidos nas Forças Armadas causaria um pouco de perturbação no início, mas não traria problemas disseminados ou de longo prazo para os EUA. 

O estudo revelou que 70% dos militares acham que derrubar a lei teria efeitos mistos, positivos, ou nenhum efeito, enquanto 30% preveem consequências negativas ou demonstram preocupação. A oposição foi maior entre os militares de combate, com 40% dizendo ser uma má ideia. O número subiu para 46% entre os fuzileiros navais. 

A pesquisa foi enviada para 400 mil militares, dos quais 69% disseram ter trabalhado com alguém que eles acreditam ser gay ou lésbica. Desses, 92% disseram que o trabalho em conjunto foi muito bom, bom, ou nem bom nem ruim, segundo as fontes citadas pelo jornal 'The Washington Post'. 

As unidades de combate deram respostas semelhantes: 89% das unidades de combate do Exército e 84% das unidades de combate dos Fuzileiros Navais disseram ter tido experiências boas ou neutras ao trabalhar com gays ou lésbicas, revela o 'Post'. 

LEI
 
A lei do "não pergunte, não conte, não persiga e não assedie" foi criada em 1993 por Bill Clinton. Ele prometera, logo após a eleição, derrubar o veto aos gays no Exército, criado durante a Segunda Guerra (1939-1945). 

Sem apoio do legislativo, o projeto tornou-se um veto indireto: os militares gays e bissexuais podem servir, desde que escondam sua sexualidade. Desde então, cerca de 13 mil foram dispensados das Forças Armadas sob a lei. 

Apesar de a maioria das dispensas serem resultado de militares gays se assumindo, grupos de defesa dos direitos gays dizem que isso foi usado por colegas de trabalho vingativos para fazer alarde sobre soldados que nunca fizeram de sua sexualidade um problema. 

Mudar a lei foi uma das promessas de Barack Obama em sua campanha presidencial em 2008. 

No mundo todo, 29 países --incluindo Israel, Canadá, Alemanha e Suécia-- aceitam soldados assumidamente gays, segundo a Log Cabin Republicans, um grupo defensor dos direitos gays. 

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS 

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